A herança judaica da fé cristã

Saulo, o fariseu helênico

Nas últimas décadas, os acadêmicos bíblicos têm mudado sua visão de Paulo e sua teologia. O motivo para isso é analisá-lo dentro de seu contexto cultural e religioso judaico. O Novo Testamento pode corroborar esta nova visão? Teria Paulo rompido com sua herança judaica ao se tornar cristão?

A maioria de nós conhece a saga do apóstolo mais conhecido da Bíblia. Saulo de Tarso era um fariseu que se dedicava a perseguir os cristãos, tendo inclusive autoridade do Sumo Sacerdote para levá-los a julgamento em Jerusalém. Cerca ocasião, indo a Damasco, da Síria, cumprir ordens de prisão, encontrou-se com Jesus ressurreto, que questionou o motivo de sua perseguição, cegando-o. Sendo curado por um cristão, creu que Jesus era o Messias e passou imediatamente a anunciar isso a quem o ouvisse. Depois de um tempo, foi comissionado pelo Espírito Santo a iniciar uma missão de evangelização entre os gentios, missão essa cumprida até o fim de sua morte. Paulo (como passou a ser conhecido), acabou tornando-se o “apóstolo dos gentios”, sendo o principal responsável pela disseminação da fé cristã por todos o Império Romano.

Apesar desta história bem conhecida, ao longo dos séculos muitos equívocos surgiram em relação a Paulo e o Evangelho pregado por ele. Hoje avalio que muitos desses equívocos, quando não claramente mal intencionados, derivam de uma compreensão errada a seu respeito, fruto de uma separação entre o apóstolo e a sua herança judaica. Quando olhamos mais de perto, com cuidado, percebemos que, diferente do “Paulo cristão” que rejeita a Lei e se torna praticamente um gentio depois de sua conversão, o livro dos Atos e suas próprias cartas revelam um “Saulo judeu”, que tem uma compreensão peculiar sobre a Lei – não tão diferente de outros mestres de sua época – e que tem por missão converter gentios pagãos em crente em Jesus, que obedecem às leis divinas.

Eliminando os equívocos

A seguir, listo algumas ideias erradas a respeito de Paulo, desde algumas já presentes em seus dias, quanto outras que se desenvolveram ao longo dos séculos.

Comecemos pelos seus nomes. Alguns entendem que Saulo era o seu nome judeu, e que depois da conversão ele adotou Paulo como seu novo nome cristão. Quem defende essa ideia usa este argumento para explicitar o rompimento de Paulo com suas origens judaicas. Entretanto, existe um motivo bem mais comum para Paulo ter dois nomes. Nascido na cidade de Tarso, na Cilícia (atualmente localizada na região centro-sul da moderna Turquia, bem próximo da fronteira com a Síria), aparentemente de pais benjamitas (ao menos o pai o seria), Shaul foi batizado com este nome muito provavelmente em homenagem ao primeiro rei de Israel, o qual pertencia à mesma tribo hebréia que ele. Entretanto, por viver fora da terra de Israel, em meio a uma população majoritariamente de fala grega, ele recebeu também um nome grego (ou um apelido, pra ser mais correto): Paulos (que significa “baixo”, o que pode indicar um aspecto físico dele). Sendo assim, uma vez que o Novo Testamento não nos dá uma explicação definitiva para a troca permanente de Saulo para Paulo, a explicação mais simples é a de que ele sempre teve estes dois nomes, um de batismo, entre os judeus, outro como epíteto, entre os gentios.

Um outro equívoco sobre Paulo, que o acompanha desde o início do seu ministério entre os gentios, é o de que ele pregava contra a Lei e contras as tradições judaicas. Vemos essa acusação em Atos 21:20-21, quando os líderes em Jerusalém, e possivelmente o próprio Tiago, o interpelam: “Veja, irmão, quantos milhares de judeus creram, e todos eles são zelosos da Lei. Eles foram informados de que você ensina a todos os judeus que vivem entre os gentios a se afastarem de Moisés, dizendo‑lhes que não circuncidem os seus filhos nem vivam de acordo com os nossos costumes.”. Ou seja, já naquele tempo, estavam espalhando entre os judeus – isso certamente vinha dos fariseus e líderes das sinagogas por onde ele passou em suas missões pela Ásia e Europa – que Paulo estava desviando os judeus do Judaísmo. Ora, num primeiro momento, alguém poderia até pensar: “É isso mesmo! Paulo estava convertendo judeus ao cristianismo!”. Porém, nas próprias palavras de Paulo, ele não estava fazendo isso!

Existem dois testemunhos escritos de Paulo que provam que ele nunca intencionou “desviar judeus” de seus costumes. O primeiro se encontra na primeira carta aos coríntios, onde ele afirma “Em todo caso, cada um continue vivendo na condição que o Senhor lhe designou e de acordo com o chamado de Deus. Esta é a minha ordem para todas as igrejas. Foi alguém chamado quando já era circuncidado? Não desfaça a sua circuncisão. Foi alguém chamado sendo incircunciso? Não se circuncide.” (1Co 7:17,18). Observe. Paulo afirma que em todas as igrejas por onde passava ele ensinava isso: quem é judeu, permaneça judeu; quem é gentio, permaneça gentio. O que isso quer dizer? Justamente que o seu entendimento do Evangelho de Cristo era que os judeus não precisavam abandonar os costumes herdados de Moisés, nem deixar de cumprir os mandamentos e ordenanças que a Lei e os Profetas ordenavam. Até porque, parece que na cabeça de Paulo, o seu ministério era justamente o de converter gentios em judeus crentes no Messias Jesus. Exagero? Observe o que ele afirma em sua carta aos romanos: “Não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é meramente exterior e física. Não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a do coração, pelo Espírito, não pela lei escrita.” (Rm 2:28,29). Uau! Paulo está dizendo que todo aquele que tem o coração circuncidado pelo Espírito Santo é verdadeiro judeu, sendo ele um judeu natural ou um gentio vivendo como um judeu. E se formos honestos chegaremos a essa exata conclusão, que o que Paulo fez (junto com outros apóstolos) foi converter gentios pagãos a um estilo de vida judaico, ainda que não praticando todas as tradições judaicas. Todo cristão é um meio-judeu, afinal de contas.

A questão da Lei

Paralelo a isso, temos a questão da Lei. Lendo algumas de suas cartas, especialmente Romanos e Gálatas, ficamos com a impressão que de fato Paulo é um antinomista que detestava a Lei e ensinava que ela havia perdido toda a sua influência sobre qualquer pessoa, inclusive os judeus. Entretanto, o mesmo Paulo faz algumas afirmações na própria carta aos romanos que, se de fato Paulo era um antinomista, ele sofria de esquizofrenia. Observe algumas afirmações que faz nesta carta: “a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.” (Rm 7:12); “Porque os que ouvem a Lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei hão de ser justificados.” (Rm 2:13); “segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm 7:22). Além disso, na carta aos coríntios ele afirma: “mas o que vale é guardar os mandamentos de Deus.” (1Co 7:19). Ora, como Paulo poderia ser contra a Lei, afirmando tais coisas? O que fica claro, em um primeiro momento, é que o apóstolo considerava a Lei de Moisés santa, justa e boa, e que o objetivo final de todo crente era guardar os mandamentos divinos (expressos na Lei). Mas como conciliar isso com outras afirmações que ele fez nas mesmas cartas, a respeito da Lei?

Para não tomar muito o seu tempo, vou resumir a posição defendida por Paulo em uma única frase escrita por ele: “nenhuma carne será justificada diante de Deus pelas obras da lei” (Rm 3:20). Paulo não tinha (quase) nenhum problema com a Lei. O problema dele era com a forma como o Judaísmo, especialmente o farisaísmo, encarava a Lei, como um meio de justificação. Diante disso ele argumentava veemente: “Não! A Lei não tem a capacidade de justificar ninguém diante de Deus! Somente a fé pode fazer isso!”. Então, a partir disso, especialmente nas cartas às igrejas onde os fariseus judaizantes andavam disseminando a ideia de que os gentios precisavam circuncidar-se e cumprir todos os mandamentos da Lei para serem salvos por Jesus – uma aberração combatida por todo o corpo apostólico, inclusive Tiago – Paulo discorre sobre alguns aspectos negativos da Lei. Sim, eles existem. Um destes aspectos é o fato de que a Lei condenava alguns pecados com a morte, ao mesmo tempo que amaldiçoava todos os que não a cumprissem. Nestes casos, Paulo afirmava que, pelo seu sangue “Cristo nos resgatou da maldição da Lei” (Gl 3:13). Observe que ele não está chamando a Lei de maldição, ele está dizendo que a maldição que a Lei imputava sobre nós, por sermos desobedientes a ela, foi anulada pelo Messias! E a sua explicação para este fato é muito simples de entender: “Todos aqueles, pois, que confiam nas obras da Lei estão debaixo da maldição, porque está escrito: ‘Maldito todo aquele que não obedecer a todas as coisas que estão escritas no livro da Lei, para cumpri-las’.” (Gl 3:10). Ou seja, como ninguém consegue cumprir todos os mandamentos da Lei, sem nunca se desviar deles sequer por um momento, então todos estão debaixo da maldição que ela própria impõe. Cristo, dizia Paulo, nos fez o favor de nos livrar deste aspecto a Lei. O resto da Lei continua a ser boa, santa e justa.

Paulo, um fariseu helênico

Uma particularidade por vezes ignorada a respeito de Paulo é que, de acordo com o relato de Atos dos Apóstolos, ele ainda se considerava um fariseu décadas depois de sua conversão. Quando foi finalmente preso em Jerusalém, lá pelo fim dos anos 50, Paulo faz a seguinte defesa diante do Sinédrio judaico: “sabendo que uma parte era de saduceus e outra de fariseus, clamou no conselho: Irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu; no tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado.” (At 23:6). Alguns interpretam essa sua fala como uma artimanha para tentar se livrar da condenação e ganhar o apoio dos fariseus, porém o que esse tipo de pensamento suscita é que Paulo era um mentiroso! Se ele disse que era um fariseu, sem acreditar que era, então ele mentiu diante do Sinédrio. Entretanto, quem se posiciona assim ignora as outras pistas que complementam esta situação. Paulo não tinha medo de ser preso, ao contrário, ele já havia sido avisado que isso ocorreria, e estava completamente determinado a enfrentar o que fosse por amor a Cristo (vd At 20:22-24 onde sua fala faz parecer que ele não esperava menos que a morte pelas mãos das lideranças judaicas). Sendo assim, a defesa de Paulo diante do Sinédrio não parece ter sido um subterfúgio ardiloso de um medroso acuado.

Tanto Lucas, em Atos, quanto o próprio Paulo, em suas cartas, afirmam que, antes de sua conversão, ele pertencia ao Farisaísmo. Diante do Sinédrio ele traz uma nova informação, de que seu pai era um fariseu (e cidadão romano, inclusive). Talvez isso explique o fato de um jovem morador da Cilícia se mudar para Jerusalém a fim de estudar com Gamaliel, o Velho, dos 15 aos 25 anos de idade. Não obstante ter passado o início da juventude em Jerusalém – e consequentemente próximo da “tradição pura” da religião judaica – Saulo de Tarso ainda era um judeu helênico, tendo crescido fora da terra de Israel, cercado de gentios, tendo como língua materna provavelmente o grego. Helênico era justamente a designação dada a todos os judeus que tinham o grego como língua principal (enquanto os da Palestina falavam aramaico). Mas não só isso. Os judeus helênicos, talvez por estarem distantes do núcleo central do Judaísmo na Judéia, tinham concepções menos rígidas a respeito de muitos assuntos da religião. Um destes pontos mais óbvios era como lidar com os gentios. Enquanto os da Judéia tinham medo até do vento que vinha de Samaria, os da Diáspora tinham menos preocupações com tais níveis de pureza ritual, até porque vivam literalmente cercados por gentios. Sendo assim, temos que levar em consideração este aspecto da pessoa de Paulo, pois creio eu, isso terá um enorme impacto na forma como ele encarará sua missão entre os gentios.

Voltando ao farisaísmo de Paulo, como dito anteriormente ele afirma com todas as letras diante de Sinédrio que era um fariseu, filho de fariseu. Isso significa que, pelo menos em sua mente, ele nunca deixou de ser um fariseu. Para compreendermos essa convicção de Paulo precisamos antes de mais nada entender que fariseu não era sinônimo de hipócrita há dois milênios atrás. Sim, Jesus denunciou muitos fariseus pela hipocrisia, e o próprio autor judeu Flávio Josefo faz acusação semelhante contra eles, mas também temos exemplos de “bons fariseus”, como Nicodemos, José de Arimatéia e outros anônimos que simpatizavam com Jesus (e que também se tornaram cristãos depois de sua ressurreição). O “ser um fariseu” não tinha nada a ver com ser hipócrita, ao contrário, baseava-se em pelo menos três pilares centrais: (a) aprender a interpretar as Escrituras; (b) manter-se puro ao obedecer a todos os mandamento da Lei; (c) tornar-se referência de santidade, pureza e conhecimento para todo o povo. Quando alguém como Paulo se tornou um fariseu, ele estava adotando uma postura diante da fé judaica, como um judeu que se dedicaria a agradar a Deus em tudo e a ter o domínio das Escrituras. O próprio Paulo afirma que o seu farisaísmo era sincero: “Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade. Fui educado rigorosamente na Lei de nossos antepassados, aos pés de Gamaliel, sendo tão zeloso por Deus, assim como estais sendo vós neste dia.” (At 22:3).

Portanto, a conclusão a que chegamos a esse respeito é que Paulo nunca deixou de se considerar um fariseu pelo simples fato de que toda a sua formação como judeu proveio da tradição farisaica. Poderíamos fazer uma comparação imperfeita com Lutero, que até ser excomungado pela igreja, nunca deixou de se considerar um católico fiel, cujo objetivo era livrar a igreja romana de seus erros doutrinários. Inclusive, diante dos tribunais que se instalaram contra ele, Lutero jamais negou ser um monge católico agostiniano, sempre defendendo suas ideias com a intenção de que o Papa lhe desse ouvidos. Creio que este era o mesmo sentimento de Paulo, pois tudo o que ele aprendeu sobre Deus, sobre as Escrituras e sobre o Messias vieram dos seus mestre fariseus. Por que negar suas origens se elas só lhe fizeram bem? Obviamente que ao conhecer a Cristo e receber a sua revelação direta, suas tradições e interpretações foram confrontadas, e ele não mais concordava 100% com tudo o que aprendeu, mas isso não invalida em nada a sua história dentro do farisaísmo.

Conclusões

Deus não faz nada à toa. A partir do momento em que Jesus se revelou a Paulo, Deus alertou Ananias sobre ele: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel.” (At 9:15). Paulo foi escolhido por seu zelo, sua audácia, mas também por sua bagagem. Sendo um judeu de origem helênica, ele não teria as mesmas preocupações dos apóstolos originais ou das lideranças da igreja em Jerusalém quanto à evangelização dos gentios. Na verdade, ele próprio afirma que o Evangelho que anunciava, e a forma como compreendia o papel dos gentios dentro do novo povo que Deus estava formando, lhe havia sido revelada pelo próprio Senhor. Inclusive podemos perceber a estratégia usada em todas as suas investidas missionárias: a primeira coisa que ele fazia era, num sábado, entrar numa sinagoga, aguardar uma oportunidade para falar e anunciar Jesus como o Messias prometido ali. Ao mesmo tempo em que atingia seus conterrâneos judeus, ele aproveitava para anunciar que Jesus também estava chamando os gentios. Esta mensagem surtia pouco efeito sobre os judeus, mas muito efeito sobre os gentios “tementes a Deus” (os que namoravam o Judaísmo, mas não davam o passado de serem circuncidados) que assistiam os serviços sabáticos das janelas e da porta da sinagoga. Ou seja, os primeiros frutos das ações de Paulo eram um punhado de judeus helênicos e muitos gentios quase-judeus.

Por outro lado, tendo sido um fariseu tão aplicado como foi, ele havia se tornado poderoso nas Escrituras, tendo as capacidades necessárias para instruir não somente as igrejas que supervisionava, mas a todos os cristãos dos séculos posteriores que têm lido o Novo Testamento (quase metade do NT é de escritos paulinos). Também não podemos deixar de comentar que, dentre as seitas judaicas do primeiro século, os fariseus são os únicos nomeados entre os discípulos em Atos. Pode ser que alguns poucos saduceus tenham crido, assim como é plausível pensar que um bom grupo de essênios também (as doutrinas dos essênios lembram tanto às do cristianismo primitivo que muitos estudiosos chegam a afirmar que a fé cristã é derivada do essenismo), mas é entre os fariseus que parece ter havido o maior número de conversos. Isso se explica pelo fato de as interpretações farisaicas serem bastante próximas às de Cristo e dos apóstolos. Basta vermos que os embates entre Jesus e os fariseus sempre parecem ser disputas internas a respeito de como interpretar tal e tal texto ou como pôr em prática tal mandamento. Essa era a principal preocupação dos fariseus, e também era uma das principais missões de Jesus. Sendo assim, muitos fariseus, especialmente depois da ressurreição, concluíram que se alguém poderia ser o Messias, seria Jesus. Certamente esta bagagem cultural e religiosa de Paulo contribuiu para a sua compreensão a respeito de Cristo e sua missão como o Messias sofredor.

Mais uma vez, quando trazemos a história, os personagens e as palavras do Novo Testamento para o seu contexto social, político, cultural e religioso naturais – o Judaísmo do primeiro século sob o domínio do Império Romano – muitos fatos obscuros são iluminados, e muitas palavras estranhas passam a fazer sentido. Entender Saulo de Tarso, o nosso querido Paulo, como um judeu helênico, educado como um fariseu e herdeiro de uma tradição hermenêutica de séculos de escrutínio bíblico nos faz compreender melhor suas ideias e o que ele ensinou às suas congregações. Conseguimos ver um Paulo que nunca renegou suas origens ou tradições, chegando a fazer votos e consentindo em efetuar rituais de purificação no templo (cf At 18:18 e 21:26), sem que isso comprometesse a sua missão de vida de impedir que gentios fossem obrigados a se converterem ao Judaísmo para obterem a salvação que havia sido oferecida de graça. Tal posição não era de forma alguma anti-judaica, ao ponto em que o Judaísmo moderno normatizou que qualquer gentio que cumpra as Sete Leis dos Filhos de Noé terão o direito de desfrutar do mundo vindouro, sem a necessidade de se converterem ao Judaísmo (leia mais sobre isso aqui). Vemos um Paulo que, apesar de ser contra a judaização de gentios, tinha como objetivo desviá-los de um estilo de vida pagão e aproximá-los de um estilo de vida judeu (vd Ef 4:17). Um Paulo que se entendia como um fariseu que cria na esperança de um Messias, o qual encontrou na pessoa de Jesus de Nazaré.