A herança judaica da fé cristã

O Messias rabínico

Dentre os muitos assuntos a que se dedicaram os rabinos judeus, destaca-se a figura do Messias, sua missão e o tempo da sua vinda. O que podemos aprender com os conceitos que eles tinham a esses respeito? Será que o Judaísmo moderno comunga das mesmas interpretações antigas?

A ideia de um Messias, um rei libertador, não foi simplesmente estabelecida entre os hebreus, mas ao contrário, foi uma semente plantada no passado distante e que germinou pouco a pouco através dos séculos até se solidificar como uma esperança judaica, um dos pontos vitais do Judaísmo. Os próprios estudiosos judeus só vieram a ter uma compreensão maior a este respeito a partir de Davi, e das promessas divinas feitas a ele. Porém, até mesmo esta compreensão evoluiu, até o ponto em que atualmente ela não é exatamente a mesma dos rabinos que compõem a Mishná.

Apócrifos, pseudo-epígrafos e a Mishná

Antes de avançarmos, uma explicação necessária. A princípio, as fontes a respeito do Messias se restringiam aos escritos bíblicos, desde a Torá de Moisés, até os escritos proféticos e sapienciais. Porém, a partir do século II aC, portanto já no período pós-exílico e em um tempo de fortes pressões helênicas sobre os judeus, estes começaram a produzir obras de cunho hermenêutico, apologético e apocalíptico, sempre baseados nos escritos bíblicos. Em outras palavras, os autores destas obras (hoje chamadas de escritos apócrifos, deuterocanônicos ou pseudo-epígrafos) objetivavam interpretar histórias e ensinos bíblicos, oferecer uma defesa de sua fé contra as influências gregas, e também revelar o caráter místico e escatológico de algumas passagens bíblicas.

A produção destes textos durou, pelo menos até o segundo século depois de Cristo, quando um novo tipo de literatura surgiu: a Mishná. Provavelmente durante todo o período do Segundo Templo, os mestres da Lei e escribas – em especial os que pertenciam à seita dos fariseus – tornaram-se os orientadores oficiais do povo em termos de halaká (a conduta prática da fé). É a isso que os Evangelhos se referem quando fala da “tradição dos anciãos” (vd Mc 7:5,3). Esta tradição era oral, passada de mestre para discípulo, e assim perdurou por pelo menos 300 anos. Porém, no século II, um rabino chamada Judá Ha-Nasi, decidiu que era hora de colocar as tradições por escrito, sob risco delas se perderem com o tempo e as perseguições. Nasceu então a Mishná, que é a parte inicial do Talmude judaico.

Exegese bíblica do Judaísmo do Segundo Templo

Voltando então à questão messiânica, encontramos tanto nos apócrifos quanto na Mishná um valioso tesouro exegético a respeito da pessoa, missão e vinda do Messias, o que nos permite perceber qual era a expectativa messiânica no tempo do aparecimento de Jesus na Galiléia. E por que isso é importante? Por um lado, para compreendermos os motivos de sua rejeição por parte das lideranças judaicas (mas aceitação por parte do povo); por outro, para percebermos que a doutrina apostólica a respeito da pessoa de Jesus não foi uma inovação ou heresia. Ou seja, as provas messiâncias apresentadas pelos evangelistas, assim como as declarações doutrinárias de Paulo, Pedro ou João, encontram (quase) total respaldo nas ideias que circulavam no primeiro século a respeito de quem seria o Messias e de que tipo de obra ele realizaria e Israel e no mundo.

Como já afirmado anteriormente, há uma tremenda diferença entre o Judaísmo moderno e o(s) Judaísmo(s) do primeiro século da Era Cristã. O Judaísmo moderno, tanto o Ortodoxo quanto os que floresceram a partir dele, se baseia em doutrinas e interpretações rígidas sobre vários assuntos, notadamente aqueles que, de alguma forma, têm relação com a fé cristã. Isso não surpreende, pois o Judaísmo que conhecemos hoje nasceu a partir da destruição do Segundo Templo, em 70. E qual a principal diferença entre o Judaísmo moderno e o Judaísmo do primeiro século? A permissão de discordar! Encontramos abundantes provas disso nos textos mais importantes para os judeus, depois da Bíblia, que são os Talmudes (Babilônico e de Jerusalém), das quais a Mishná constitui a origem. Lá, assim como nos escritos apócrifos, encontramos uma diversidade de interpretações que nos mostra como o ambiente judaico dos séculos anterior e posterior à vinda de Cristo era diverso e permitia visões diferentes – inclusive, algumas bem distintas da ortodoxia judaica moderna e suas interpretações objetivamente anticristãs.

Abaixo seguem alguns exemplos retirados tanto dos Talmudes quanto de outros escritos, como os Targumim (traduções aramaicas da Tanakh), os Midrashim (comentários), manuscritos da seita de Qumram (Manuscritos do Mar Morto) e até mesmo do Zohar, o livro místico da Cabala. Nota-se que algumas opiniões estão em perfeita sintonia com a visão cristã – mais tarde negada pela ortodoxia judaica – como a de que o Messias deveria sofrer pelos pecados do mundo, vir da Galiléia ou que não seria um mero homem, mas que teria uma origem celestial. Por estes e outros textos, percebemos o quanto a fé cristã apostólica estava alinhada com o Judaísmo de sua época, longe de ser um desvio pagão, como muitos hoje defendem.

O conceito de Messias

Para os sábios e mestres judeus do primeiro século, não havia dúvidas de que o Messias era o centro da profecia bíblica, que seria um rei descendente de Davi, e que faria milagres e anunciaria Boas Novas. É de especial atenção a ideia de que os últimos dois mil anos da história seriam do Messias e que ele derrotaria Satanás, condenando-o à Gehena (inferno). Os comentários abaixo foram pronunciados por uma série de rabinos ao longo de alguns séculos. Aqui apresento apenas um resumo, não citando cada um deles. Entre colchetes é indicada a obra (em negrito) e o tratado ou livro a que faz referência.

“Todos os profetas profetizaram apenas a respeito dos dias do Messias.” [Talmude Babilônico Sanhedrin 99a] 

“Um rei surgirá dentre os filhos de Jessé, e o Messias crescerá dos filhos de seus filhos.” [Targum de Isaías 11:1] 

“Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Eis o homem cujo nome é o Messias que será revelado.’” [Targum de Zacarias 6:12] 

“Eis que dias vem, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Messias justo e ele reinará como rei e entenderá…” [Targum de Jeremias 23:5] 

“O mundo foi criado exclusivamente para o Messias.” [Talmude Babilônico, Sanhedrin 98b] 

“E quanto às maravilhas que não são obra do Senhor, quando aquele que é o Messias vier, então ele curará o doente, ressuscitará o morto e anunciará boas novas aos pobres.” [4Q521, Pergaminho do Mar Morto] 

“Acredito com fé na vinda do Messias, e ainda que ele tarde, mesmo assim esperarei por ele a cada dia.” [Maimonides, Treze Artigos de Fé, 12º princípio] 

“Foi ensinado na Escola de Elias: o mundo durará 6000 anos – 2000 anos em caos, 2000 com a Torá e 2000 anos serão os dias do Messias.” [Talmude Babilônico Sanhedrin 97a] 

“Reis e governantes não cessarão de vir da casa de Judá… até que o Rei Messias venha.” [Targum Pseudo-Jonathan] 

“Rabi Johanan disse: ‘O mundo foi criado em consideração ao Messias; qual o nome deste Messias?’ A escola do Rabi Shila disse: ‘seu nome é Siló, pois está escrito: até que Siló venha (Genesis 49:10)’” [Talmude Babilônico Sanhedrin 98b] 

“Satã disse diante do Santo, bendito seja Ele: ‘Mestre do Mundo! A luz que está escondida sob Teu trono de Glória, para quem é?’ Ele lhe disse: ‘Para aquele que te vencerá, te levará à desgraça e te trará vergonha’. Ele (Satã) lhe disse: ‘Mestre do Mundo! Mostre-o a mim’. Ele lhe disse: ‘Venha e o veja’. Quando Satã viu o Messias, ele tremeu, prostrou-se sobre seu rosto e disse: ‘Verdadeiramente este é o Messias que, no futuro, lançará a mim e a todos os príncipes das nações do mundo na Gehena!’” [Pesiqta Rabbati pg 161a]

O surgimento do Messias em Israel

Para os sábios, o Messias nasceria em Belém da Judéia, nos dias do segundo templo. Entretanto, ele se revelaria na Galiléia! E assim como Moisés livrou apenas um israelita, ocultou-se por 40 anos e só depois desse tempo retornou para libertar todo o povo, o Messias faria o mesmo.

“E você Belém-Efrata que é muito pequena para ser contada entre as milhares de casas de Judá, de ti em meu nome virá o Messias que deverá ser governante em Israel e cujo nome tem sido chamado desde a eternidade, desde os dias antigos.” [Targum Jonathan sobre Miquéias 5:1] 

“O Rei Messias… de onde ele surgirá? Da cidade real de Belém, em Judá.” [Talmude de Jerusalém, Berakoth 5a] 

“O Messias surgirá na terra da Galiléia.” [Zohar I, Bereshith, 119a] 

“O Messias… se levantará na terra da Galileia… o Messias se revelará na terra da Galileia porque nesta parte da Terra Santa a desolação (o exílio babilônico) primeiro começou, portanto ele se manifestará primeiro lá.” [Zoar III, Shemoth 7b, 8b, 220a; Otzar Midrashim, 466] 

“Ele será o último libertador [o Messias], assim como o primeiro [Moisés]; assim como o primeiro libertador revelou-se inicialmente aos israelitas e afastou-se, assim também o último redentor se revelará primeiro aos israelitas e então se afastará por um pouco.” [Midrash Ruth Rabbath 5:6]

“Rabi Hillel disse: ‘Não haverá nenhum Messias para Israel, porque eles já o tiveram nos dias de Ezequias’. Rabi Joseph disse: ‘Que Deus perdoe [a Hillel] por dizer isso! Agora, quando Ezequias floresceu? Durante o primeiro templo! Entretanto, Zacarias, profetizando nos dias do segundo [templo], proclamou: Alegre-se grandemente ó filha de Sião! Grite, ó filha de Jerusalém! Veja, o teu Rei vem a ti! Ele é justo, e tendo salvação; humilde e montando um jumento, sobre um potro, o potro de um jumento. (Zacarias 9:9)’”  [Talmude Babilônico Sanhedrin 99a]   

O Messias proveria expiação

Muito embora a ideia mais empolgante sobre o Messias fosse que ele livraria Israel dos seus inimigos e se assentaria no trono de Davi para sempre, os sábios reconheciam que a mensagem de Isaías 53 se referia a ele (não a Israel ou a outro personagem), e que ele seria “traspassado” pelas iniquidades do povo de Deus.

“O Santo, bendito seja Ele, dirá [ao Messias] em detalhe o que lhe acontecerá… ‘os pecados deles farão com que tu te encurves como sob um jugo de ferro e o farão como a um novilho cujos olhos se escurecem com sofrimento e sufocará teu espírito como com um jugo, e por causa dos pecados deles a tua língua grudará no céu da tua boca. Estás disposto a suportar tais coisas?’ … O Messias dirá: ‘Mestre do universo, com alegria em minha alma e felicidade em meu coração tomo este sofrimento sobre mim mesmo, desde que nenhuma pessoa em Israel pereça, desde que não apenas aqueles que estarão vivos sejam salvos em meus dias, mas também aqueles que estão mortos, que morreram desde os dias de Adão até o tempo da redenção.’” [Pesikta Rabbati, Piska 36.1; Zohar II. 212a] 

“’Mergulhe o teu pedaço de pão no vinagre’ (Ruth 2:14). Isto se refere aos sofrimentos do Messias, pois foi dito em Isaías 53:5: ‘Ele foi traspassado por nossas transgressões, foi ferido por nossas iniquidades.’” [Midrash Ruth Rabbah, 2.14] 

“Rabi Yochanan disse, ‘O Messias – qual o seu nome?’ … E nossos rabinos disseram, ‘O pálido… é o seu nome’, assim como está escrito: ‘Certamente ele tomou nossas enfermidades e carregou nossas culpas – contudo, nós o consideramos atingido por D’us, ferido por ele e afligido.’” [Talmude Babilônico Sanhedrin 98, p. 2] 

“O Messias, nossa justiça, foi desviado de nós. Estamos alarmados, não temos quem nos justifique. Nossos pecados e o jugo de nossas transgressões ele levou. Ele foi ferido por nossas iniquidades. Ele carregou sobre seus ombros nossos pecados. Com suas pisaduras somos sarados. Deus Todo-Poderoso, apresse o dia em que ele retorne até nós novamente; que possamos ouvir do monte Líbano [referência figurativa ao Templo], uma segunda vez por meio do Messias.” [Antigo hino-oração por Eliezer Hakkalir cantado durante o Serviço Musaf no Yom Kippur; incluído em alguns Sidurim] 

“Qual a causa da lamentação (Zechariah 12:10)? Está correto quem explica que a causa é a morte do Messias, o filho de José, como está escrito: ‘E eles olharão para mim, a quem traspassaram; e se lamentarão como quem lamenta por seu único filho.’” [Talmude Babilônico, Sukkah 52a] 

O Messias como redentor

O Messias seria o redentor de Israel, carregando os pecados da nação sobre si, e livrando o povo de suas iniquidades. Por esta razão, ele receberia uma posição de destaque, acima até mesmo dos patriarcas.

“Qual o nome do Rei Messias? Rabbi Abba Bar Kahana disse: ‘Seu nome é O Senhor Justiça Nossa’ [Jr 23:6].” [Midrash Lamentações Rabbah 1.16.51; Pesikta de Rab Kahana 22.5a; Midrash sobre Salmos 21.2; Baba Bathra 75b; Talmude Babilônico, Yalkut Shimoni, fol. 384] 

“Nos tempos do Messias, o Senhor manifestará uma segunda vez a sua mão’ (Isaías 11:11). Ele será o Redentor em pessoa para que ‘Israel seja salvo no Senhor com uma salvação eterna’ (Isaías 45:17). E ‘Seu descanso será glorioso’ (Isaías 11:10). Todo o mundo dirá: ‘É adequado que seu descanso será glorioso, pois enquanto reis comuns adquirem glória para si mesmos através de guerras vitoriosas, e não acreditam que, quando descansam, sejam estimados, Ele, ao contrário, sem declarar guerra torna a todos subjugados a si mesmo e todos lhe prestam homenagem.” [Commentário Minha-Ghedola – na Grand Rabbinic Bible of Amsterdam, 1700-1705 – Bíblia Rabínica de Bombergi] 

“Os Patriarcas se erguerão e dirão ao Messias… ‘Nosso justo Messias, muito embora sejamos seus ancestrais, és maior do que nós, pois sofreste pelas iniquidades de nossos filhos, e terríveis provações recaíram sobre ti; provações tais como nunca recaíram sobre gerações anteriores ou posteriores, por causa de Israel.’” [Pesikta Rabbati, Piska 37:1]

“O Santo trouxe à luz a alma do Messias, e lhe disse: ‘Estás desejoso de ser criado e redimir meus filhos após seis mil anos?’ Ele respondeu: ‘Estou.’ D´us respondeu: ‘Se é assim, deves tomar sobre ti castigos a fim de limpar a iniquidade deles’, como está escrito: ‘Verdadeiramente ele carregou nossa doença.’ O Messias respondeu: ‘Eu os tomarei sobre mim alegremente.’” [P’Siqtha de acordo com Hulsius em “Theologia Judaica”] 

“Nossos sábios disseram: ‘O Rei Messias está sujeito a sofrimentos em cada geração de acordo com os pecados daquela geração.’ O Santo, bendito seja Ele, disse: ‘Naquela hora (da Redenção) Eu o recriarei e ele não mais sofrerá.’” [Pesiqto Rabbati pg 146b] 

Um Messias para Israel e as nações

Muitos sábios e rabinos reconheciam que o Messias não viria apenas para Israel, mas que também seria uma “bandeira para todos os povos da terra”.

“O Messias será maior que Abraão, porque Abraão possuia não mais do que setenta almas, mas o Rei Messias voltará muitas pessoas ao culto a Deus. Mais exaltado que Moisés, pois Moisés trouxe apenas uma nação a cultuar a Deus, mas o Rei Messias trará ao seu serviço muitos povo, e restaurará paz entre muitos reis; e ainda mais elevado que os anjos ministradores, pois o seu domínio se estenderá até sobre os céus, cujos movimentos ele milagrosamente mudará.” [Rabbi Shlomoh Astruc

“E o Rei Messias será revelado e todas as nações do mundo se ajuntarão ao redor do Rei Messias, e o verso será cumprido: ‘A raiz de Jessé que está posta como estandarte do povo, a ela as nações buscarão, e seu lugar de repouso será glorioso. (Isaias 11:10)’” [Zohar 2:172b] 

“Os rabis ensinaram: O Santo, bendito seja, dirá ao Messias filho de Davi (que seja ele revelado em breve em nossos dias): ‘Peça-me qualquer coisa, e eu o darei a ti.’ Pois está escrito: Adonai me disse: ‘Tu és meu filho, hoje eu te tenho gerado. Peça-me e te darei as nações como tua herança (Salmos 2:7-8).’ E quando ele vir que o Messias filho de José está morto, ele dirá perante Ele: ‘Mestre do Mundo! Não te peço nada, exceto vida.’ D’us lhe dirá: ‘Antes mesmo que você dissesse ‘vida’, seu pai Davi profetizou a teu respeito, como está escrito: ‘Ele pediu vida a ti, Tu o deste a ele. (Salmos 21:5)’ ” [Babylonian Talmud, Sukkah 52a] 

“Enquanto Israel habitou na Terra Santa, os rituais e sacrifícios que eles realizaram [no Templo] removeram todas aquelas doenças do mundo; agora o Messias as remove dos filhos do mundo.” [Zohar 2:212a] 

Por estas poucas passagens, muitas referentes ao período do Segundo Templo, porém outras de períodos tão tardios quando o século XVIII, percebemos que, apesar das conclusões dos rabinos nem sempre serem as mesmas do Novo Testamento, e às vezes a “cristologia” deles ser bem diferente, fica claro que muitas das interpretações deles coincidem e se aproximam da interpretação cristã. Como dito anteriormente, a premissa dos primeiros discípulos em crerem que Jesus era o Messias prometido, e mais ainda, de crer que ele era a eterna Palavra de Deus encarnada, o Filho de Deus, não soa tão “inovador” quanto às vezes o Judaísmo moderno faz parecer.

Concluindo, temos sempre que tomar o cuidado de não confundir as doutrinas do Judaísmo antigo com as do Judaísmo rabínico moderno, como se fossem as mesmas. O Judaísmo rabínico “vacinou-se” contra a fé cristã, ao ponto de criar dogmas que negam as opiniões dos seus próprios sábios. Aqueles que foram mais ou menos contemporâneos de Jesus, e que viveram num tempo imediatamente anterior às tensões que se desenvolveram entre judeus e cristãos, expressaram suas opiniões num tempo em que a liberdade de pensamento lhes permitia chegar a conclusões sem preconceitos ou vieses religiosos. E, diga-se de passagem, o mesmo ocorreu no meio cristão.