
A base da pregação de Jesus foi o Reino dos Céus, ou Reino de Deus. Ele pregou o Evangelho do Reino, anunciou sua vinda, ensinou parábolas sobre ele. Mas, o que é o Reino de Deus? Um lugar fora da terra? Um lugar que existe hoje em algum lugar por aí? O futuro governo milenar de Cristo?
Reino aqui tem o sentido de “reinado”, “governo”, “domínio”. Quando um rei conquista um território, seu reinado se expande, e os que vivem ali se tornam seus súditos.
O Reino de Deus, portanto, representa tudo sobre o que Ele governa… mas Deus governa sobre o que? Ou quem?
1) O Reino de Deus não é um lugar estático
“Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus respondeu: O Reino de Deus não vem de modo visível, nem se dirá: ‘Aqui está ele’, ou ‘Lá está’; porque o Reino de Deus está entre vocês”. (Lc 17:20-21)
Deus domina sobre toda a criação; tudo o que se vê e não se vê é governado por Ele. Mas de modo estrito, o Reino anunciado por Jesus é o grupo de pessoas sobre o qual ele reina: eu e vocês. Por isso, o Reino não é um local único, e não está em um lugar apenas, como se devêssemos, por exemplo, esperar que aquele lugar onde está o trono de Deus desça dos Céus à terra. O Reino está representado em todo lugar onde a vontade de Deus reina.
2) Jesus trouxe o Reino de Deus à terra (Mt 4:17)
“Daí em diante Jesus começou a pregar: ‘Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo'”. (Mt 4:17)
Jesus, além de Filho de Deus, é o Messias prometido. Como o Rei descendente de Davi, coube a ele trazer o Reino de Deus à terra. Deus reinava sobre Israel (até certo ponto), mas ainda não era o Reino de Deus. O que Jesus chamava de Reino de Deus, naquele momento, era aquele grupo de discípulos que criam nele e andavam com ele. Portanto, o Reino de Deus gira em torno do Rei Jesus.
3) O Reino de Deus é a própria igreja – ou deveria ser
“O Reino dos céus é ainda como uma rede que é lançada ao mar e apanha toda sorte de peixes. Quando está cheia, os pescadores a puxam para a praia. Então se assentam e juntam os peixes bons em cestos, mas jogam fora os ruins. Assim acontecerá no fim desta era. Os anjos virão, separarão os perversos dos justos.” (Mt 13:47-49)
O Reino é parte da Igreja, ou a Igreja é parte do Reino? Se o Reino é o estado de ser governado por Deus, e se há igrejas onde Deus reina, mas não governa de fato (como ocorre com a rainha Elizabete do Reino Unido), como podemos compreender esse paradoxo? Na parábola (em questão) Jesus deixa claro que, no Reino há bons e maus súditos, e que no futuro será feita uma triagem entre eles. De modo semelhante, a parábola do joio e do trigo nos mostra que “uma semente ruim” existe dentro do Reino, e que ela não pode ser retirada à força. Sendo assim, a igreja, o Corpo de Cristo, com seus bons e maus membros, representa também o Reino, pois, infelizmente, há também escândalos no Reino (Mt 13:41). O papel da verdadeira igreja é representar o Reino de Deus na terra. Em outras palavras, ela deve se submeter à sua vontade de forma irrestrita.
4) Sinais e maravilhas são características do Reino
“Mas se é pelo dedo de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus!”. (Lc 11:20)
Jesus não apenas trouxe o Reino de Deus à terra, como também trouxe o poder de Deus aos súditos do Reino. Jamais algo parecido tinha acontecido, pelo menos não de forma tão abrangente. Ele compartilhou do seu próprio Espírito com os seus discípulos, dando a eles os mesmos poderes que ele mesmo possuía. Jesus ainda fez a promessa de que “os sinais seguirão aqueles que crerem”. Sendo assim, a maior prova de que o Reino está entre nós, são os sinais operados pelos santos (e o Senhor disse que faríamos coisas ainda maiores do que as que ele fez!). Devemos clamar pelos sinais e maravilhas para que o mundo veja que o Reino está aqui.
5) O Reino de Deus é uma sociedade justa, existindo dentro de uma sociedade injusta
“Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos. (…) Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos são um em Cristo Jesus.” (Cl 3:11 + Gl 3:28)
Se Deus reina sobre um determinado grupo de pessoas, ali está o Reino de Deus. E dentro do Reino, o sistema funciona de forma diferente. Todos são iguais, pois Deus não faz acepção de pessoas. E se somos iguais, então nenhum cidadão do Reino deve ter falta de qualquer coisa, sejam as necessidades básicas, respeito, honra e dignidade. A ideia de uma sociedade “paralela” deve ser cultivada intensamente por nós, pois nem Jesus nem os apóstolos nos comissionaram a levantar bandeiras sociais ou políticas. Mas a bandeira do Reino é amar ao próximo como a nós mesmos, e a maior demonstração de amor é anunciar o Evangelho transformador, conseguindo novos súditos do Reino.
6) Somos embaixadores do Reino
“Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus!” (2Co 5:20)
Sendo o Reino uma sociedade separada do mundo, ela tem seu próprio governante, suas próprias leis, e também suas embaixadas. Uma embaixada representa oficialmente um governo dentro de uma nação estrangeira. Mais do isso, o território da embaixada, para todos os fins, é um pedaço daquele país onde quer que esteja. As igrejas locais DEVEM ser embaixadas do Reino, o lugar onde Deus reina e governa, assim como seus membros, os crentes, devem ser embaixadores deste Reino. E Paulo nos informa qual o trabalho dos embaixadores de Cristo: apelar, em nome de Deus, que as pessoas se reconciliem com Ele, e sejam automaticamente transportadas do reino das trevas para o Reino do seu amor.
7) O Reino de Deus tomará toda terra
“O Reino dos céus é como um grão de mostarda que um homem plantou em seu campo. Embora seja a menor dentre todas as sementes, quando cresce torna-se a maior das hortaliças e se transforma numa árvore, de modo que as aves do céu vêm fazer os seus ninhos em seus ramos”. Então contou-lhes ainda outra parábola: “O Reino dos céus é como o fermento que uma mulher tomou e misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa ficou fermentada”. (Mt 13:31-33)
No começo falei que o Reino não é um lugar visível. Entretanto, essa é a realidade atual. Chegará o dia em que, como uma pequena semente que se torna uma árvore, ou como um pouco de fermento que se espalha por toda a massa, o Reino de Deus, que começou pequeno, com apenas um punhado de pessoas ao redor do Messias, encherá toda a terra. E mais do que isso, o próprio Messias dominará toda a terra, como afirma Fp 2:10-11. Ele reinará sobre tudo e todos o reconhecerão como Senhor. Assim, finalmente, o Reino de Deus não apenas estará na terra, mas o Reino se estabelecerá sobre toda a terra (1Co 15:25). É esse Reino que nós herdaremos!
Jesus nos insta a buscar, antes de qualquer coisa, o domínio de Deus sobre nossas vidas, e a justiça (retidão) que caracteriza esse domínio. Em sua oração, ele nos ensina a clamarmos para que o domínio de Deus venha, e que a vontade do nosso soberano seja cumprida na terra, da mesma forma que ela é cumprida nos Céus.
Se você quer ser um súdito do Reino, precisa cumprir a vontade do seu Rei, e o domínio dele sobre você deve ser constante. Não basta chamá-lo de Senhor ou aceitá-lo como Rei – lembre-se: há peixes ruins e maus servos também no Reino! Precisamos nos dedicarmos diariamente a cumprirmos a vontade do nosso Deus (a Lei do Reino), para que de fato ele reine sobre nós. E graças a Deus não estamos sozinhos neste desafio, pois o Espírito do próprio Deus está em nós, e ele nos capacita a sermos súditos leis do Seu Reino.