Deduções científicas e o Jesus histórico

Imagem antiga de JesusHistória é Ciência. A Ciência é falha e limitada e tende a precisar ser sempre atualizada. A Ciência só consegue ver o que está diante dela. Se estiver enterrado, não serve. Se houver documentação sem possibilidade de comprovação, é falsa. Se não houver documentação alguma, é falso. Porém, nem tudo o que não se vê, não existe. Até pouco tempo não existiam os [simple_tooltip content=’Os Manuscritos do Mar Morto são um conjunto de pergaminhos descobertos no deserto da Judéia na década de 1940 e que, entre outros textos, continha cópias de quase todo o Antigo Testamento.’]Manuscritos do Mar Morto[/simple_tooltip], mas agora sabemos, por exemplo, que estávamos certos ao crermos que a Bíblia não sofreu alterações ao longo dos últimos dois milênios.

Como sempre acontece na época do Natal, a figura do “Jesus Histórico” vem à tona. É a tentativa da Ciência de encontrar o homem por trás do mito. Tentam mostrar quem ele era, como vivia e o que pode ser ou não verdadeiro sobre ele em contraste com a descrição encontrada nos Evangelhos. Para a Ciência, os Evangelhos não são registros históricos, mas sim registros mitológicos criados em torno de Jesus de Nazaré. Vamos analisar algumas das alegações científicas e questionar se elas podem mesmo ser mais verdadeiras do que o relato bíblico.

 Nascimento

Já sabemos que Jesus não nasceu em 25 de dezembro do ano 1. Na verdade, nem mesmo a Bíblia afirma isso. Pelos próprios relatos dos Evangelhos, [simple_tooltip content='”E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias” (Lc 3:1-2)’]particularmente o de Lucas[/simple_tooltip], sabemos quem era o imperador, quem era o tetrarca da Galiléia e quem era o governador romano da Judéia quando Jesus tinha cerca de 30 anos. Sabemos também que [simple_tooltip content=”Lucas informa que pastores estavam guardando os rebanhos nos campos, o que dificilmente seria possível no inverno (Lc 2:8).”]não deve ter sido no inverno[/simple_tooltip]. Neste ponto, portanto, a Ciência não questiona, necessariamente, nada do relato bíblico.

Porém, os pesquisadores são taxativos em afirmar que Jesus não nasceu em Belém. Para eles, esta é uma tentativa de identificá-lo com as profecias do Antigo Testamento sobre o Messias. A “prova” seria a falta de registros de nascimento em Belém, assim como da falta de registros quanto ao recenseamento descrito nos Evangelhos. Bem, isso é uma tremenda especulação científica, pois, assim como não existem registros do nascimento de Jesus em Belém, também não existem registros de seu nascimento em Nazaré. O fato de ele ter vivido sempre em Nazaré não significa necessariamente que ele tenha nascido lá. Dr. Ray é brasileiro, mas foi morar nos Estados Unidos quando bebê. Alguém duvida que ele seja brasileiro somente porque ele fala português com forte sotaque norte-americano?

Outro ponto é o recenseamento. De fato ainda não foram encontrados registros históricos de que tenha realmente acontecido, mas isso não significa que não aconteceu. Além disso, pensando bem sobre o caso, se este fosse um relato fantasioso com o único propósito de colocar Maria dando à luz em Belém, não seria mais convincente inventar algo menos, digamos, histórico? José e Maria poderiam ter ido visitar o recém-nascido João Batista, por exemplo. Ou José poderia ter ido realizar alguma peregrinação ao Templo. Além disso, Lucas escreveu seu Evangelho bem antes do fim do primeiro século, o que significa que os fatos narrados por ele não teriam mais do que 80, 90 anos. Se não houve um recenseamento romano em Israel no início do primeiro século, será que os leitores da época não perceberiam o embuste?

Analfabeto

Para os pesquisadores, Jesus era analfabeto. De fato, a maioria esmagadora da população judaica era pobre e iletrada, sendo que, em geral, somente os escribas e mestres da Torá tinham o privilégio da leitura. Entretanto, isso não significa que, em meio à população, não houvesse aqueles que, por uma razão ou outra, soubessem escrever. Eu diria que as chances de Jesus ser analfabeto eram realmente altas, dada a sua condição humilde e, em particular, o local onde passou sua infância e juventude. Entretanto, a dedução científica se baseia no fato de Jesus não ter deixado nada escrito, o que não significa necessariamente nada! Paulo de Tarso era bastante culto, poliglota e, ainda assim, fez extensivo uso de amanuenses. Ou seja, muitas de suas cartas não foram escritas por ele.

Porém, o maior argumento para uma dedução no sentido oposto à da Ciência é o nível de conhecimento que Jesus tinha da Lei. Mesmo os mais céticos tendem a admitir que as palavras mais “revolucionárias” de Jesus apresentadas nos Evangelhos são mesmo dele. Como Jesus poderia ter adquirido conhecimentos tão profundos da Torá? E ainda que ele não soubesse ler ou escrever, mas fosse instruído por algum rabino ou escriba, ele não absorveria o mínimo das letras? É claro que estas afirmações ainda ficam no campo especulativo, pois realmente Jesus não deixou nada escrito – esta tarefa ele deixou aos seus apóstolos. Porém, a constatação de que ele conhecia profundamente a Lei mosaica e também a chamada “Torá oral”, indica muito mais que ele tinha um mínimo de instrução do que o contrário.

Outro ponto a se notar era a sagacidade de Jesus. Ele tinha resposta para tudo e todos. Era sua marca registrada deixar fariseus e escribas sem resposta! Como uma pessoa tão sagaz poderia ser um analfabeto? Não que ele não pudesse ser uma espécie de Jeca Tatu judeu, aquele tipo de matuto do campo que consegue ludibriar o mais culto dos milionários. Porém, Jesus não era somente matuto, ele tinha cultura. Ele tinha conhecimento. Basta uma análise dos embates de Jesus com seus adversários para notar isso.

Um último ponto a este respeito é que, segundo os Evangelhos, [simple_tooltip content=”Este fato está narrado no Evangelho de Lucas, capítulo 2:42-50″]desde os 12 anos[/simple_tooltip] Jesus já conhecia profundamente a Torá, a ponto de passar dias no Templo de Jerusalém argumentando com os escribas sobre a interpretação do texto. Para os crentes isso comprova que Jesus era o que chamaríamos hoje de criança-prodígio, mas é claro que a crítica considera isso como mito.

A construção de um mito

De acordo com a Ciência, as idéias e doutrina religiosa de Jesus só teriam sido escritas por seus seguidores duas ou três gerações depois de sua morte. A pergunta que me surge ao ler este tipo de afirmação é: sério?! Poderíamos argumentar vários fatos, mas vamos nos ater ao que tem mais evidência histórica. Saulo de Tarso, um judeu da seita farisaica converteu-se ao Caminho cerca de cinco anos depois da morte de Jesus e morreu antes do ano 70, durante o império de Nero. Paulo, como ficou conhecido, era um homem culto, poliglota e é, indiscutivelmente, considerado o maior expansor do Cristianismo no primeiro século. Se o Império Romano tornou-se cristão cerca de três séculos depois, a culpa foi dele. Além de dissertar e instruir sobre a doutrina de Cristo, Paulo ainda faz algumas [simple_tooltip content=”Em sua primeira carta a Timóteo, 5:18, Paulo cita o Evangelho de Lucas (10:7), chamando-o de Escritura.”]referências aos Evangelhos[/simple_tooltip] e também aos [simple_tooltip content='”E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão” (Gálatas 2:9)’]demais apóstolos[/simple_tooltip]. Então surge a questão: como pode a Ciência afirmar que as idéias de Jesus só foram documentadas duas gerações depois?! Paulo, Pedro, João, Tiago: todos tinham mais ou menos a mesma idade de Jesus!

A não ser que se prove que nenhum desses apóstolos realmente existiu ou que seus escritos são [simple_tooltip content=”Livros e documentos atribuídos, falsamente, a personalidades, com o intuito de conferir-lhes autoridade.”]pseudo-epígrafos[/simple_tooltip], então não há como negar que a doutrina de Jesus não demorou mais do que [simple_tooltip content=”Mesmo levando-se em conta a posição crítica, não se costuma datar o Evangelho de Marcos muito depois do ano 70 dC, sendo que consideram-no o primeiro deles”]30 ou 40 anos[/simple_tooltip], no máximo, para ser documentada e difundida pelo Império. E esta constatação nos leva a outra ainda mais intrigante. Paulo afirma que muitas pessoas que viram Jesus ressuscitado [simple_tooltip content=”I Coríntios 15:6″]ainda estavam vivas[/simple_tooltip] como testemunhas do fato. Quanto a Lucas, tenho por certo que desejou ser um historiador, mais do que simplesmente um seguidor falando de seu Mestre. Ele afirma que procurou evidências, fez entrevistas e tentou ter o cuidado de narrar os fatos em [simple_tooltip content=”Lucas 1:3″]ordem cronológica[/simple_tooltip]. Acredita nisso quem quer, porém, o fato que se estabelece é que tudo o que foi documentado nos Evangelhos sobre Jesus, seja no de Lucas, no de Mateus, Marcos ou João, poderia ser facilmente refutado ou confirmado, ainda naqueles tempos, pelas pessoas que viram Jesus e conviveram com ele. Vale ressaltar que a [simple_tooltip content=”Ramos da Ciência que estuda documentos antigos, especialmente papiros e pergaminhos.”]Papirologia[/simple_tooltip] identificou um manuscrito do Evangelho de João como sendo de meados do ano 125 dC, sendo que este manuscrito não é o original, mas uma cópia do original, que seria ainda mais antigo. Os historiadores cristãos costumam datar este Evangelho no ano 90 dC, pouco antes da morte do apóstolo, sendo este o registro mais tardio da vida de Jesus. O Evangelho de Marcos teria sido o primeiro a ser escrito, antes ou em meados do ano 70. Ou seja, a doutrina de Jesus não demorou nem um século para ser documentada e distribuída pelo mundo.

Sobre a argumentação de que os Evangelhos seriam relatos míticos sobre Jesus, atribuídos aos apóstolos, mas não escritos por eles, ela não se sustenta. Por essa lógica, alguns crentes resolveram enfeitar um pouco a figura de Jesus, tornando-o um ótimo candidato a Messias, e saíram dizendo que os relatos haviam sido escritos por Marcos, Mateus, João. Esta era uma prática relativamente comum no mundo antigo, inclusive entre os próprios judeus. O Livro de Enoque é um produto dos últimos séculos antes de Cristo, atribuído ao personagem bíblico que viveu antes do dilúvio. Porém, afirmar que os Evangelhos são pseudo-epígrafos não se baseia em fatos. Primeiro porque os pseudo-epígrafos só funcionam bem se foram escritos muito tempo depois da morte dos seus supostos escritores, de outro modo poderiam ser facilmente desacreditados. Segundo porque, como afirmei acima, é fato confirmado que os Evangelhos foram escritos ainda no primeiro século, no máximo 60 anos depois da morte de Jesus, o que, desse modo, os coloca sendo escritos quando seus supostos escritores ainda estavam vivos! Como isso poderia se sustentar? E um último detalhe: Mateus era um dos apóstolos, mas certamente não um dos mais queridos ou destacados. Ao contrário, havia sido um odiado coletor de impostos. João sim tinha prestígio, pois fazia parte do [simple_tooltip content=”Composto por Pedro, Tiago, filho de Zebedeu e seu irmão João”]círculo interno[/simple_tooltip] dos apóstolos, porém foi o último a escrever um Evangelho. Marcos nunca foi apóstolo e só ficou conhecido por ter sido adotado por Pedro como “filho espiritual” e também por ter sido o [simple_tooltip content=”Descrito em Atos 15:36-40″]pivô de uma celeuma[/simple_tooltip] entre os apóstolos Paulo e Barnabé. Nada que o abonasse tanto assim. Lucas, além de nunca ter sequer visto Jesus, era grego. Nem judeu ele era! Então surge o questionamento: por que alguém usaria nomes tão apagados como Marcos e Lucas, mas não outros nomes mais célebres, como Pedro, Tiago, de Zebedeu ou mesmo Tiago, irmão de Jesus? Talvez a resposta seja a mais óbvia: os Evangelhos canônicos não são pseudo-epígrafos.

Antissemitismo bíblico

Nos últimos anos, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, tem-se argumentado que o antissemitismo tem origem nos Evangelhos, especialmente no de João. Baseiam-se no fato do autor atribuir a condenação e morte de Jesus aos judeus, o que, ao longo dos séculos, levou o mundo cristianizado a odiar e persegui-los. Não podemos fugir do fato de que a tradição católica perpetrou este costume maldito, ao ponto de o Papa precisar oficialmente pedir perdão por isso. Entretanto, existem argumentos fortes que mostram que o antissemitismo não nasceu dos Evangelhos, mas da má interpretação deles.

A tradição cristã afirma que o Evangelho de João foi escrito no final do 1º século, quando o Templo de Jerusalém já havia sido destruído e a maioria dos cristãos não era mais de judeus, mas de não-judeus. Este fato indicaria, a princípio, o motivo de haver uma identificação menor com os judeus, ao ponto de atribuir-lhes culpas. Entretanto, quando João se refere aos judeus, refere-se aos religiosos, não aos moradores da Judéia. Dificilmente acharíamos um equivalente hoje que servisse de exemplo, mas seria como se “católico” significasse tanto a opção religiosa quanto a nacionalidade. É aí que o problema surge, pois “judeu” pode ser tanto o que é natural da Judéia quanto o que pratica o judaísmo. As afirmações de João referem-se aos [simple_tooltip content=”As provas de que João se refere aos religiosos estão no próprio Evangelho: em 7:13 ele declara que muitos (israelitas) criam em Jesus, mas não falavam abertamente sobre ele, ‘por medo dos judeus’ (religiosos). Além disso, João coloca Jesus respondendo à mulher samaritana que ‘a salvação vem dos judeus’, colocando-se, ele mesmo, como um judeu (João 4:22)”]líderes da religião judaica[/simple_tooltip] que, de fato, foram os responsáveis por prender Jesus e incitar sua condenação à morte, nunca aos naturais da Judéia, até porque muitos destes haviam se tornado seguidores de Jesus. Seria uma incoerência (ou senilidade) da parte de João culpar todos os moradores da Judéia pela morte do Messias. Sendo assim, esta é uma inferência falsa, baseada numa visão tendenciosa decorrente de nossa atual situação histórica.

Judas

Muita especulação já surgiu sobre Judas. A mais famosa é a de que ele, secretamente, ajudou Jesus a morrer na cruz, tirando dele a clássica figura de traidor. Agora, uma nova tese defende que Judas pode não passar de um mito antissemita, ou seja, ele só existe na história para atribuir culpa aos judeus. O nome Judas provém do grego Youdas, que por sua vez é transliteração do hebraico Judá. Este é o principal motivo de se pensar nele como a personificação dos judeus. Porém, é uma dedução no mínimo absurda achar que ele é mito somente por este motivo, ainda mais quando sabemos que o nome Judá (ou Judas, em grego) era extremamente comum naqueles dias.

Pra quem não sabe, Judá foi um dos filhos de Jacó, e foi o pai da tribo que leva o seu nome. Desde o início da história de Israel, Judá foi apenas uma tribo em meio a outras onze. A tribo de Judá ganhou maior proeminência pelo fato do rei Davi pertencer a ela e inaugurar uma linhagem real que durou até o exílio na Babilônia. Além disso, as profecias antigas indicavam que o Messias seria descendente de Davi e, portanto, da tribo de Judá. Depois do exílio babilônico, quando os israelitas puderam retornar à sua terra, a tribo mais bem preservada foi a de Judá, estabelecendo-se na região que ficou conhecida como Judéia. Além disso, e por causa disso, a religião que se estabeleceu no período pós-exílio passou a se chamar Judaísmo (ainda que não apenas habitantes da Judéia a praticassem).

Jesus era judeu por local de nascimento e ancestralidade, mas habitou toda sua vida entre os galileus, no norte da palestina. No entanto, era judeu por religião, embora não concordasse com todas as premissas dela. Sendo assim, considerar que Judas é o protótipo do judeu mentiroso e traidor é fruto de uma mentalidade pós segunda guerra. O próprio apóstolo João, o mais condenado por antissemitismo, era judeu! Outros Judas existiram na história de Jesus: um apóstolo, um pai de apóstolo, seu próprio irmão de sangue, autor de uma epístola canônica. O que dizer disso então?

No mais, é preciso admitir que Judas é uma figura envolta em mistérios e especulações. Suas motivações, seu caráter e background cultural e religioso são mistérios que os Evangelhos não se preocupam em traçar. Talvez, a culpa dos evangelistas tenha sido apenas a de não saciar nossa curiosidade sobre Judas, simplesmente nos dizendo que ele foi o traidor que vendeu Jesus aos líderes judaicos por míseras 30 moedas de prata.

O julgamento de Jesus

Finalmente, vamos avaliar um pouco o julgamento de Jesus. De acordo com muitos historiadores, tudo não passa de mito, nada foi como está descrito nos Evangelhos. O que eles descobriram de novo para afirmar isso? Nada! E é justamente isso, aquela velha mania dos cientistas de não admitir que não sabem se algo existe ou não. Não havendo documentação extra-bíblica, então o fato é mito! Isso já aconteceu com Abraão, Ur dos Caldeus, o rei Davi e o próprio Jesus. Até que as areias do tempo desenterrem alguma prova, por mínima que seja, e eles precisem voltar atrás em suas afirmações.

De fato, sobre o julgamento de Jesus só temos os relatos dos Evangelhos. Dizem que não existia o costume de libertar presos na Páscoa, nem que Pilatos era tão bonzinho como aparenta (não a mim, particularmente) ou que os judeus tivessem o nível de liberdade para conseguirem uma sentença à morte junto aos romanos. No final das contas, é bem possível que Jesus nem mesmo tenha morrido! Porém, vamos pensar só um pouco nos pontos-chave da questão.

Jesus era, sem nem mesmo fazer esforço, um revolucionário. Naquele tempo era comum surgirem muitos pretendentes a Messias, e todos foram brutalmente silenciados pelos romanos. Sim, pelos romanos, não pelos judeus, pois eles não tinham o direito de sentenciar ninguém à morte, a não ser com consentimento romano. Jesus dizia que havia um Reino que não era da terra, dava esperança de libertação aos judeus oprimidos, dizia que o Templo seria destruído em breve e criticava duramente a nata religiosa do povo (fariseus, escribas e mestre da Torá). Pode-se dizer que, para todos os efeitos, era um seguidor de João Batista, o qual havia sido degolado por Herodes logo no início de seu ministério público.

Porém, acima de todos os motivos citados, Jesus era considerado pelo povo como profeta, e de fato fazia afirmações implícitas e se comportava como se fosse o Messias, o rei ungido, descendente de Davi. Jesus ainda foi além e aceitou ser chamado de Filho de Deus! Bom, meus amigos, talvez para nós hoje seja meio difícil entender a mente de um judeu do primeiro século ou o status quo romano, mas todos esses ingrediente colocados numa panela geram um caldo mais quente que um inferno de chili! Líderes judeus desejavam silenciar Jesus, e líderes romanos precisavam extinguir sua influência revolucionária sobre a região. Em resumo, todo mundo queria Jesus morto!

Conclusão

Muito ainda se poderia falar sobre cada um desses pontos e das especulações que são feitas e admitidas como verdade. Que fique claro que não sou contrário à Ciência. Ao contrário, sou um entusiasta dela! Porém, não podemos admitir que o método científico seja deturpado pelas conclusões tendenciosas de alguns cientistas. Toda vez que homens de Ciência se comportam assim, se assemelham aos religiosos dogmáticos que tanto desprezam. Jesus é uma figura religiosa, espiritual, e não há nada de errado em se tentar entendê-lo melhor por métodos científicos. O que não pode acontecer é a desconstrução de sua imagem baseada simplesmente em deduções que, de Ciência, nada têm.